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“Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Plebiscito: Criação de Carajás tem custo bilionário, diz Ipea

A equipe do JN no Ar voou para Marabá, no sudeste do Pará, a pouco mais de dez dias do plebiscito que poderá decidir pela divisão do estado em três.

A região é uma terra cheia de contrastes. É uma área muito rica em minérios. Boa parte da economia local gira em torno da extração do minério de ferro, que o Brasil exporta para vários países. Apesar disso, essa riqueza não se traduziu em benefícios para a maioria da população, que ainda não teve suas necessidades básicas, elementares, atendidas pelo poder público.
A reportagem teve apoio da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, no Pará.

A equipe do JN no Ar chegou a Marabá por volta das 22h30. No aeroporto, uma manifestação pró-divisão do Pará, organizada depois que o Jornal Nacional anunciou que a equipe iria para lá. Se o estado de Carajás for criado, Marabá poderá ser a capital.

Carajás ocuparia 24% do atual estado do Pára. Teria 39 municípios e 1,6 milhão de habitantes, 20% da população total. O PIB, a soma de tudo que é produzido pela economia, seria de R$ 19 bilhões, 33% do PIB do Pará.

A região cresceu a partir dos anos 70, com a descoberta da mina de ferro de Carajás e da mina de ouro de Serra Pelada, hoje, desativada, mas outra já está quase pronta para começar a funcionar no ano que vem.

A cidade não se preparou para o crescimento. A região de Carajás se tornou conhecida por dois problemas que ilustram bem o modelo de desenvolvimento que se instalou por lá. Um deles é o desmatamento para dar lugar a plantações e pastagens. O outro é a violenta disputa pela terra.

Segundo um levantamento da Comissão Pastoral da Terra, nos últimos 15 anos, 241 pessoas foram assassinadas no Pará por conflitos agrários, a maioria na região de Carajás. As vítimas mais frequentes são trabalhadores rurais e sindicalistas.

Como no massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 19 trabalhadores morreram. Em maio deste ano, os ambientalistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram assassinados. Agora, a irmã de Maria vive ameaçada. “Só falta agora o óbito. Será possível que para acreditar, é preciso que um de nós ou eu morra para que a veracidade da história venha?”, questiona Laísa Sampaio.

Os moradores querem soluções. Os grupos contra e a favor da divisão do estado apontam caminhos diferentes.

“A gente defende a manutenção do estado não na perspectiva de que tudo isso está bom. A gente acredita que os problemas não estão relacionados ao tamanho do estado, mas ao modelo de governança, à forma de gestão como está aí”, diz Ribamar Júnior, do movimento contrário à divisão.

“O grande debate é da eficácia e do alcance das políticas públicas. Nós temos um território extremamente vasto e grande. E a descentralização administrativa é um fator benéfico, é um fator de otimização dos investimentos que a comunidade precisa na sua infraestrutura”, afirma Ítalo Pojucam, do movimento favorável à divisão.

Mas a criação de um novo estado tem um custo. Um estudo mostra que Carajás teria, por ano, receita de R$ 2,666 bilhões. E despesa de R$ 3,676 bilhões. A conta não fecha. O resultado seria um rombo de R$ 1,009 bilhão.

“Esse déficit teria que ser coberto de alguma forma. Não haveria, na minha opinião, nenhuma outra alternativa, a não ser dinheiro da União para cobrir esse déficit”, avalia Rogério Boueri, economista do Ipea.

A próxima parada do JN no Ar é no município de Santarém, localizado no oeste paraense.


Fonte: G1

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