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“Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Esquema de Juvenil é derrubado



DEVASSA

Operação do MPE e Polícia Civil prende quatro e faz uma série de apreensões

A Casa caiu. A operação de busca e apreensão de documentos nas dependências da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa) e em mais 11 endereços, incluindo residências de servidores, feita ontem pelo Ministério Público do Estado e Polícia Civil, é o desfecho das propaladas denúncias de desvio de recursos naquele Poder, algumas divulgadas com exclusividade por O LIBERAL, em 13 de março deste ano. A reportagem desnudou os contracheques de super salários recheados de gratificações ilegais, que variavam de R$ 8 mil a R$ 40 mil, e exibiu o esquema de assessores fantasmas nomeados para a Casa Civil da Presidência da Alepa na gestão do ex-presidente, Domingos Juvenil (PMDB), sem publicação em Diário Oficial. As batidas aconteceram também nas residências de Juvenil e do ex-deputado Robgol (PTB), onde foram encontrados R$ 500 mil em espécie. Quatro servidores foram presos. O MP acredita que somada essas e outras maracutaias, os desvios se cheguem a R$ 1 milhão por mês.
A reportagem de O LIBERAL levou o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) a incluir as denúncias no pedido de CPI, que contava apenas com a assinatura do próprio autor. As novas revelações convenceram a bancada do PT a assinar a CPI, elevando para nove assinaturas, dentre as 14 necessárias para viabilizar a comissão. Mas há resistência dos demais partidos em viabilizar as investigações. Sonegação de impostos, contratação ilegal de mais de 700 estagiários e servidores laranjas são outras fraudes que estão sob investigação no MP, desde o ano passado, mas que a Alepa vinha insistindo em ignorar. Para tentar responder à opinião pública, o Legislativo instalou uma sindicância, este ano, para apurar irregularidades no empréstimo feito pela ex-chefe da seção da folha de pagamento do Departamento de Gestão de Pessoal, Mônica Pinto.
Porém, não passou disso.
A chefe da Casa Civil da Presidência na gestão de Juvenil, Semmel Palmeira, é uma dos quatro servidores que tiveram a prisão preventiva decretada. Semmel é filha do sócio do ex-presidente da Alepa e pessoa de confiança do ex-presidente. Ela empregava o marido e a sogra na Casa Civil. Era ela quem chefiava o esquema de assessores fantasmas no setor. Também foi decretada a prisão preventiva do diretor do Centro de Processamento de Dados do Poder, Jorge Moisés Caddah, supostamente envolvido com a manipulação das informações sobre as cifras da Alepa para fins de sonegação fiscal.
Outra detida é a funcionária do Departamento Financeiro, Daura Irene Xavier Hage, que, segundo o MP, é tia do deputado estadual licenciado e secretário de Estado de Trabalho, Emprego e Renda, Júnior Hage (PR), e parente da conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Rosa Hage. Ainda de acordo com o MP, Daura esteve lotada no gabinete de Júnior, que cumpriu mandato até o ano passado. Semmel, Caddah e Daura foram detidos pela manhã, em suas residências, e passaram o dia prestando depoimento aos promotores de Justiça na sede do Ministério Público do Estado, onde funciona o Grupo Especial de Prevenção e Repressão à Organizações Criminosas (Gproc).
Às 17 horas, a quarta servidora que teve a prisão decretada, Euzilene Maria Lima Araújo, da Folha de Pagamento, que não havia sido localizada, se apresentou espontamente ao MP, acompanhada de um advogado. Ela se recusou a depor, alegando o direito de falar apenas perante o juiz. Euzilene trabalhava com Mônica Pinto, que respondeu sindicância na Casa e é alvo de inquérito policial por contrair empréstimos no banco Santander. Atualmente, Euzilene está lotada no gabinete do deputado Raimundo
Belo (PSB), segundo o MP.
Por volta das 19 horas de ontem, Semmel, Daura e Euzilene foram levadas ao Quartel do Corpo de Bombeiros, e Caddah foi encaminhado ao Batalhão Ambiental da Polícia Militar, no Parque do Utinga, onde permanecerão presos por cinco dias. A prisão provisória foi decretada pelo juiz Flávio Leão Sanchez, da 1ª Vara de Inquéritos Policiais, e poderá ser prorrogada por igual período.

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