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“Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”.

domingo, 22 de maio de 2011

Palocci teria de ter parado em 2010, diz Cesar Maia


Líder do DEM diz haver a “PT.Serviços”, a estatização do lobby


Um dos mais prolíficos pensadores da oposição anti-PT, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) faz hoje em seu boletim “ex-blog” uma reflexão sobre o caso do aumento de patrimônio de Antonio Palocci. Para Maia, criou-se no Brasil uma “PT.Serviços”:

“Trata-se da estatização do lobby. Ou seja: de dirigentes do PT, com peso específico indiscutível, passarem a condição de representantes, dentro do Estado, de empresas privadas, ou mesmo, por seu acesso ao poder, fazerem isso de forma escancarada junto a países que dependem de decisões do Estado brasileiro”.

O ex-prefeito do Rio toca em um ponto importante nesse atual episódio: “A empresa constituída [de Palocci] deveria ter tido suas atividades suspensas durante o ano eleitoral de 2010, pelas funções centrais cumpridas por ela, e não só em dezembro, depois das eleições”.

Não custa lembrar que Palocci foi, em 2010, o principal responsável pelos contatos com grandes empresas e empresários que acabaram fazendo doações de campanha para a então candidata a presidente Dilma Rousseff (PT).

Em resumo, em 2010, Palocci desempenhou ao mesmo tempo três funções conhecidas: 1) deputado federal (PT-SP); 2) consultor de empresas; 3) coordenador e arrecadador de recursos para Dilma Rousseff.

A seguir, a íntegra do artigo de Cesar Maia:


NOMENKLATURA, BOLIBURGUESIA, PT.SERVIÇOS!

Por Cesar Maia
               
“1. Durante o regime soviético, a burocracia superior do partido se transformou numa casta, com privilégios próprios dos capitalistas. Eram as dachas, mordomias, acumulação... A isso se chamava Nomenklatura.  No momento da abertura e do desmonte da União Soviética, isso ficou claro. As estatais privatizadas ficaram nas mãos da Nomenklatura e, em seguida, a Rússia passou a ser a principal fonte de evasão de divisas e lavagem de dinheiro: bilhões de dólares.
               
“2. A desintegração da economia de mercado na Venezuela produziu uma nova classe de capitalistas: os amigos de Chávez pendurados no gasto e nas decisões do Estado. Um novo tipo de patrimonialismo. Essa nova classe passou a ser conhecida na Venezuela como Boliburguesia, numa referência ao bolivarianismo de Chávez.
               
“3. Os regimes corruptos da África, da América Central e do Sul e da Ásia, como ocorreu na Indonésia, tornavam os ditadores bilionários com contas fechadas nos paraísos fiscais. Mas apesar da concentração -maior ou menor- da corrupção, não constituíram uma nova classe associada ao Estado. Quando os ditadores foram derrubados, no Estado não havia uma nova burguesia.
               
“4. O Capitalismo de Estado -em regimes de esquerda ou nacionalismo militar- independente do grau de aprofundamento do estatismo, também não constituía uma nova classe, associada ao estado, mesmo que personagens tenham enriquecido individualmente.
               
“5. O sociólogo Chico de Oliveira, um dos fundadores do PT, denominou a gestão do PT, do "país do ornitorrinco" para denominar uma "nova classe que surge com uma fisionomia volúvel deixando o comando do país para parcerias com o setor privado". Não se trata apenas de ocupação de cargos em comissão ou de dinheiro público transferido para ONGs laranjas da dirigência do PT.
               
“6. Agora surge o PT.Serviços, que cresce perigosamente. Não se trata de serviços de análises de conjuntura que um dirigente petista fora do governo possa fazer através de palestras, num período de transição até o retorno ao poder, sem se tornar assalariado de uma ou outra empresa.
               
“7. Trata-se da estatização do lobby. Ou seja: de dirigentes do PT, com peso específico indiscutível, passarem a condição de representantes, dentro do Estado, de empresas privadas, ou mesmo, por seu acesso ao poder, fazerem isso de forma escancarada junto a países que dependem de decisões do Estado brasileiro. A revista Piauí fez uma cobertura ampla das atividades –digamos, privadas- de José Dirceu.
               
“8. Agora surge o caso Palocci, aliás, reincidente, desde a máfia do lixo de Ribeirão Preto, passando por assessores íntimos seus nas relações CEF-Bingos, quando ainda era ministro da fazenda. E outras coisas faladas, mas não documentadas. Não se trata, repita-se, de palestras ou mesmo análises formais, sobre conjuntura econômica e política. Mas pelo estilo e valores concentrados, provavelmente de lobby do mesmo PT.Serviços de Dirceu. Lembre-se que dois pagamentos de mais de 3 milhões de reais cada, sequenciados, são evidências disso.
               
“9. De qualquer forma, a empresa constituída deveria ter tido suas atividades suspensas durante o ano eleitoral de 2010, pelas funções centrais cumpridas por ela, e não só em dezembro, depois das eleições. Olho para que o PT.Serviços não se constitua numa nova classe, o que traria os mesmos riscos de uma nomenklatura ou boliburguesia à brasileira”.

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