Zé Carlos
Funcionários fantasmas, ato de nomeação secreto, gratificações irregulares, número de cestas básicas acima do número de funcionários, festival de tíquetes-refeição e combustível, contratos superfaturados e convênios fictícios: todas estas irregularidades eram protagonizadas por deputados na Assembleia Legislativa do Pará e estão devidamente comprovadas pelo Ministério Público do Estado.

As fraudes sangraram milhões dos cofres públicos do Pará, e essa dinheirama foi irrigada diretamente para os bolsos dos parlamentares envolvidos, deixando de atender à população com mais saúde, educação, assistência social, etc. Para se ter ideia do tamanho do prejuízo, só a folha de pagamento saltou de 6 para 12  milhões de reais e o gasto total com os 41 deputados soma nada menos  que 23 milhões de reais todo mês.

Para que os deputados queriam furtar tanto dinheiro público? 
A fortuna desviada era usada, dentre outras coisas, para comprar votos e manter mandatos parlamentares. E aqui é que está o maior prejuízo público destas falcatruas.

O mandato popular conquistado com o voto livre e soberano é a pedra de toque da democracia moderna. O eleitor é o cidadão consciente que vai às urnas e escolhe um outro cidadão para representá-lo, decidindo por ele em questões de Estado. O mandatário recebe uma procuração popular para fiscalizar os gastos e optar pelo melhor destino para uma população inteira. Sete milhões de paraenses dependem da seriedade e honestidade dos seus representantes.

Ao roubar o dinheiro público que deveriam guardar com bastante zelo e utilizar este mesmo dinheiro para comprar voto e  enganar a consciência dos eleitores, os deputados paraenses violaram o bem mais sagrado do sistema de governo, que é a livre representação popular.

O único gesto possível para a Assembleia Legislativa recobrar parte da credibilidade junto aos eleitores violentados é instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para colaborar integralmente com as investigações que estão em curso no Ministério Público. Facilitando o trabalho dos investigadores, chegaremos aos verdadeiros culpados, que devem ser presos, tendo seus bens confiscados e a perda imediata dos mandatos fraudados. Só há uma opção aceitável: CPI já.