.

.
“Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ato condena o erro médico


Familiares e amigos de vítimas promoveram passeata. Eles querem prova para exercer a profissão.

O economista Francisco Barbosa, de 47 anos, perdeu o filho Alan Barbosa, de 17, após uma cirurgia bariátria, em junho de 2009. O pai do psicólogo Sandro Machado de Lima, 40, Aidir Apinajé de Lima, morreu aos 73 anos enquanto passava por uma transfusão sanguínia. A tragédia aconteceu em maio do ano passado. As duas histórias revelam situações de pacientes que encontraram a morte no lugar onde eles foram buscar a cura, por causa de falhas cometidas durante o procedimento médico. Pais, filhos, tios, irmão e amigos de vítimas de erros médicos, além de estudantes de medicina e profissionais da área de saúde, se encontraram ontem na praça Santuário, em Nazaré, para participar da "2ª Caminhada em prol da saúde e da paz". A passeata saiu por volta das 10 horas em direção à praça da República.
"Eu venho me juntar aos nossos irmãos na dor, devido a esses maus profissionais, à falta de humanização na saúde. Eu sou a favor que abram as caixas pretas dos hospitais para que a gente possa saber o que se passa com o setor. A gente sente que os erros médicos têm aumentado e acabou aquela relação entre médico e paciente que existia antigamente", afirmou Francisco Barbosa, que viu o filho falecer após o descaso do médico, que fez a cirurgia bariátria sozinho, sem o acompanhamento da equipe.
O evento de ontem foi organizado pela Associação das Vítimas da Impunidade Médico-Hospitalar (Avim-h). Representante do movimento "Basta com erros médicos", do Rio de Janeiro, Sandro Machado de Lima veio à Belém participar da caminhada. "Um movimento apoia o outro e em cima disso tudo a gente busca uma mudança maior, que é a alteração do Código Penal. É uma maneira de proteger o cidadão. A gente não busca vingança, mas justiça", afirmou. O psicólogo conta que o pai, Aidir Lima, de 73 anos, morreu após um "somatório de erros" cometidos durante uma transfusão de sangue. "Desde o procedimento de transfusão até a omissão de socorro", revela.
Hoje, o grupo formado no Rio de Janeiro tentar colocar em votação o Projeto de Lei 6867/2010, que obriga os profissionais a passarem por uma avaliação, "nos moldes que é feito pela Ordem dos Advogados do Brasil", explica. Segundo Sandro, em dezembro do ano passado foi feita uma avaliação com profissionais de São Paulo e 70% deles foram reprovados, revelando que muitos médicos não sabiam responder até mesmo questões sobre os procedimentos mais comuns. "Nós conseguimos desarquivar o projeto na Câmara Federal, em Brasília, e agora precisamos colocar em votação", diz.
O deputado estadual Edmilson Rodrigues (Psol) participou da caminhada. "Eu acho que a humanização do tratamento da saúde é uma necessidade. Cada ser humano precisa ser tratado dignamente. O profissional de saúde precisa ter uma ética a obedecer", declarou. "Têm ocorrido vários problemas. Tanto problemas gerais como pontuais, como o caso de pessoas que perderam a vida por causa da negligência. Isso pode ser evitado. O estresse, as longas horas de trabalho, podem resultar em erros. Mas, às vezes, o estresse, provocado pelo acúmulo de horas de trabalho também pode ser consequência do interesse do médico de obter mais lucro", avalia.
Profissionais da área de saúde também estiveram presentes no evento. Segundo o psiquiatra Helenilson Santos, os trabalhadores do setor estão se unindo à sociedade para avaliar qual a saída para melhorar o sistema de saúde: "Tem gente morrendo na fila de hemodiálise ou enquanto busca tratamento na área de oncologia. Então, essa mobilização não é apenas para falar de erro médico, mas também sobre a negligência do sistema como um todo. A situação na área da saúde é tão difícil, que muitos profissionais estão saindo do setor público para ir para o privado. Foi por essa negligência geral, que faz muitas pessoas morrerem, que eu resolvi me juntar ao movimento".

Nenhum comentário:

Postar um comentário